Páginas

terça-feira, março 14, 2023

Perfil em Construção



Este perfil está em construção, assim como eu estive ao longo desses últimos anos, tentando desvendar o mistério que é ser eu mesma. Para não esquecer da onde vim, deixo registrado meu antigo perfil, que escrevi há bons anos atrás e que ainda tem muitos resquícios de antigos sonhos e meu eu mais verdadeiro que preciso esculpir.....

"Nem muito, nem pouco... Nem por isso sob medida. Talvez com um pouco de extravagância do que tange à intensidade.... Essa sim! Vivo qualquer coisa como se fosse a última, intensa. Ou oito ou oitenta. Sem meios termos, assim me defino. Do que adianta viver uma vida cheia de tranqüilidade, envolta a um caos de maresia? Isso para mim não serviria jamais! Sim, oito e oitenta também é o meu humor, que se pode dizer que é um dos meus principais defeitos. Dia de sol, irradio-me dentro de mim, querendo cantar pelos morros a fora. Dias chuvosos, também adoooro, para ficar recolhida em minhas cobertas e meus pensamentos. Agora não me venha com um dia nem pra cá nem pra lá... nem sol, nem chuva. Simplesmente aquele dia cinza, morno sem graça. Tem coisa mais deprimente que um dia assim. Sim sim sim! O tempo influencia totalmente no meu humor, e muitos sabem, na falta dele! Que cheguem logo eternas primaveras!"

Ahow
In Lak'ech

Dublin - Ireland
6 °C°F
Chuva: 66%
Umidade: 81%
Vento: 29 km/h
Música do dia: Beatriz / Ana Carolina

segunda-feira, março 13, 2023

365 Dias De intercâmbio



"Uma mulher precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Uma mulher precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".*

É sim confortável estar em casa, mas esse desconforto que temos ao sair do ninho, nos leva a compreender nossa força e que existem novas possibilidades de aventuras para o nosso crescimento.

É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmas. Todo o tempo é no agora!

Há um ano pisava em terras irlandesas em busca de uma nova vida, uma nova Gabi e só estou começando. Esse foi o ano mais louco e desafiador de toda minha vida….

Eu precisei mergulhar em mim mesma através de terapias não convencionais para descobrir os motivos dos desejos da minha alma. A astrologia me apontou o caminho e os estudos da Lei do tempo, através da cosmooracologia veio me confirmar ainda mais meus passos. Sempre tive, desde que me entendo por gente, uma vontade gigante de conhecer terras além mar. Minha vênus de casa 9 (a casa das viagens internacionais e meu Kin (caminhante do céu) me marcaram como um papel estêncil o que eu preciso buscar aqui na 3D por mais que eu não soubesse explicar.

E cá estamos depois de um ano, depois que realmente consegui concretizar esse desejo, no ano que a minha revolução solar foi propícia para isso (Meu Sol estava na casa 9 - ela novamente). Depois de muitas décadas (quem me conhece a fundo sabe bem) consegue manifestar o meu desejo da alma e ainda é só o começo.

A experiência até então… Sem sombra de dúvida, foi o ano mais intenso da minha vida. Eu desejei por esse momento desde que tinha 9 anos (essa é a minha primeira lembrança de querer explorar novos horizontes, fazendo jus a minha Vênus de casa 9. Ao que estranhamente me chamava atenção explorar as terras além mar, depois de muito ter mergulhado nos livros (principalmente os de história). Recentemente fui encaixar algumas das peças desse tabuleiro chamado vida.

Depois de algumas tentativas e frustrações, consegui dar vazão a essa sombra que me assolava por algumas décadas. Um relacionamento me manteve “abroad” dos meus verdadeiros sonhos, obviamente por escolha minha. A vida é sobre assumir suas escolhas e responsabilidades. Mas entendo que tudo acontece perfeitamente como deve acontecer então está tudo certo, como se fossemos personagem de um jogo de video game que no fim, você é quem está do outro lado,segurando o controle.

Foi primeiro uma mudança de estado que me propiciou mexer os pauzinhos e fazer conexões para que isso fosse viável. E pela primeira vez na minha vida, abri mão do controle e fiz algo extremamente ousado e desafiador sem planejamento algum. Só vim pra ver no que ia dar.

E de lá pra cá foi o início do ano mais louco, intenso e desafiador que jamais pude ter.

Passei por um luto, que é na minha visão, o principal medo de estar fora de casa. Não está sendo fácil, muita terapia para poder processar tudo isso. Minha sorte é que pude contar com pessoas especiais aqui e longe. Os amigos são realmente meu maior tesouro. Essa ficha ainda não caiu, em pensar que o dia que voltar pro RS minha mãe não estará lá ainda é inacreditável. Alguns sonhos foram também esmagados. Minha pretensão era quando voltasse, trazer ela pra conhecer Paris dentre outras inúmeras coisas que pensei poder realizar e que eram a chama pra eu não pensar em desistir por aqui. Por falar em desistir, eu não me considero uma covarde, mas isso já me passou inúmeras vezes pela cabeça. Acho que é uma pergunta frequente que vejo que ronda a maioria por aqui: - E se eu desistir?

Enquanto ainda não desisto (coisa que também não me julgarei caso isso ocorra), a vida segue. Estando ou não você pronta. Recolha os seus cacos e recomece - minha voz falando pra mim mesma.

Nisso também tem a saudade diária dos meus Pugs. O coração chega doer de tanta saudade que tenho deles. Quem me conhece sabe o tamanho que essa ferida é pra mim. Tenho que aprender a lidar com isso, mas ainda, depois de quase dois anos, não consegui.

Por aqui eu fiz tantas coisas que jamais poderia imaginar fazer, mas tendo uma noção bem realista do que poderia acontecer. Eu já fui floor staff (cuidando das gurias bebadas e drogadas no banheiro), cleaner (fazendo rotina dupla e dormindo duas horas por dia aos finais de semana), deli Assistant (fazendo lanche e descobrindo mil maneiras de como os irlandeses chamam o pão e afins) e picker (pegando saco de arroz de 25 kg e sobrevivendo a base de torsilax e energético).

Presenciei uma cultura xenofóbica e extremamente machista. Conheci muita gente legal e MUITA gente otária, escrota e sem empatia. Fiz amigos esporádicos, desfiz amizades esporádicas também. Soube cuidar mais do meu centro e dar valor para a minha saúde mental (que é a coisa mais importante que podemos ter por aqui) e consolidei com isso a importância de dizer alguns nãos quando necessário, mesmo nunca tenha sido uma pessoa que não consegue fazer isso. Aqui falo sobre o self, o quanto é importante perceber aquilo que realmente me faz bem e não o que faço somente para agradar os outros ou me sentir pertencente.

Bebi muito, voltava pra casa sozinha de ônibus na madrugada e ainda me sentia segura, até ter minha scooter roubada como lembrete de que nem tudo é tão perfeito assim e que o ser humano é igual em qualquer parte do planeta, apesar de algumas diferenças gritantes. Essas diferenças é o que me move. Descobrir como o ser humano pode ser quando inserido em sua própria cultura, seu berço ancestral.

Viajei mais do que pensei que fosse viajar nesse curto tempo. E fiz todas elas sozinhas. Cada uma me trouxe um aprendizado e percepção diferente sobre mim mesma. Viajar é um profundo mergulho interno. Aqui as pecinhas do quebra-cabeça começam a montar uma nova história da minha história.

Meu inglês não está como eu gostaria que estivesse nesse tempo. Não acho a forma mais efetiva a didática dessas escolas, que na verdade mais é o preço que você paga pra poder estar aqui: Assistir aulas maçantes por troca de presença.

Aqui a gente se preocupa mais em sobreviver do que de fato aprender inglês. O cotidiano é extremamente maçante. O intercâmbio verdadeiramente não é para os fracos. Gostaria de ter feito isso há 15 anos atrás? Gostaria! Mas essas são as cartas que tive que aprender a jogar, então keep going. O inglês do dia-a-dia é o que vai ser de fato mais útil pro aprendizado, na minha opinião.

A busca por moradia é um negócio surreal de absurdo e esse jeito europeu de “partilhar” tudo pra mim foi o ponto alto até então, extremamente desafiador para uma pessoa que ama sua solitude. A solitude aqui deu lugar pra invasiva solidão também e por vezes elas se misturavam numa dança que não sabia quem era quem. Mais uma vez, terapia na veia pra aguentar todo o baque. #terapianaveia (aqui veia pode ser aplicado, também, em duplo sentido.

Então tudo isso somatiza e o inglês acaba ficando por último, pra pegar no tranco mesmo é dando a cara a tapa, perdendo o medo de parecer ridícula ou inferior (me senti milhares de vezes assim e inclusive algumas pessoas (trouxas) faziam questão de deixar isso claro). Os nativos, por sinal são muito educados e empáticos nesse ponto. O pior juiz somos nós mesmas - always.

Os lugares que conheci foram surreais. Agradeço por ter conseguido isso a base de muito trabalho, dores no corpo e noites (muito) mal dormidas.

Passei muito frio, um frio da porra, banho gelado no inverno, neve (uma das coisas mais lindas que vi por aqui até então). Passei muito calor também, temperaturas elevadíssimas nunca antes vistas em Dublin (saudades do verão tropical).

Aproveitei o verão de uma forma diferente e ainda sim sentindo muita saudade do Mlar de Floripa. (Saudade diária do meu antigo quintal - Campeche).

E agora o que acontece? Temos mais 365 dias pela frente e não posso saber o que me aguarda. Só sei que estou de coração aberto para a maior transformação que pude ter na minha vida. Respiremos!

* Trecho (adaptado) de "Mar sem fim", de Amyr Klink

Ahow
In Lak'ech

Dublin - Ireland
3 °C°F
Chuva: 13%
Umidade: 76%
Vento: 23 km/h
Música do dia: Wake me Up / Avicci

sábado, fevereiro 25, 2023

Caça às Bruxas



A trajetória do “ser mulher” ao longo do tempo através da visão histórica e não pelo viés do feminismo militante.

*Adaptação livre baseada no Podcast # @obvius (bate-papo com a Marcela Ceribelli e Lari Agostini)

Nós mulheres já fomos reverenciadas como “Deusas” por ter o poder da criação/geração da vida por séculos e séculos (cerca de 70 mil anos) antes da chegada do patriarcado (cerca de 5 mil anos) e isso foi apagado e negligenciado ao longo do tempo.

Mas a qual preço? Através do controle do corpo e das funções reprodutivas em prol de poder e do capitalismo, ou seja, controle social. Antes do patriarcado - cultura da superioridade e dominação do homem - a cultura matrística* dominava e as estruturas sociais eram horizontais e não monogâmicas.

Com a dizimação de milhares de pessoas pelas guerras e durante a peste negra, a incorporação das mulheres nas tribos se deu através do estr*po e do controle da reprodução para ganhar território e ter a manutenção da sociedade (aumento da população - foi daqui que veio a inspiração pro jogo de tabuleiro "War"?), mais homens, mais poder de guerra, mais territórios conquistados.

Uma lente foi posta no que tínhamos de mais precioso: nosso útero como fábrica de pessoas. Aqui elas fazem um link com a série: “O conto da Aia”. (Ainda não terminei de assistir, mas é uma pincelada de coisas que já aconteceram com a humanidade que pra mim foi bem perturbadora).

Nesse mesmo período, houve a transição do meio de subsistência como escambo - terra e trabalho - (Economia Feudal) - para o sistema monetário (Capitalismo) e já que as mulheres eram as grandes detentoras das terras, acabaram destituídas dos seus direitos e passaram a viver isoladas às margens da sociedade.

Além do poder da terra, nós mulheres também tínhamos o poder do conhecimento sobre ervas, ciclos gestacionais, fertilidade, tratamento de doenças etc que ia de contra os interesses religiosos da igreja e da burguesia emergente que na época, estava começando as primeiras faculdades de medicina (obviamente proibida para mulheres). Caracteriza-se aqui a personificação da "Bruxa".

Inclusive, "o pai da ginecologia moderna" explorou muitas mulheres negras em vários tipos de experimentos sem anestesia (porque mulheres negras sentem menos dor - queria saber da onde tiraram isso) e elas ainda hoje sofrem mais violência obstétrica em comparação às mulheres brancas. Não é atoa que carregamos aversão aos exames ginecológicos justamente pelo fardo implícito que isso trouxe, por toda essa violência da história da ginecologia orquestrada por um homem.

O catolicismo e a burguesia fizeram um pacto para conseguir a manutenção do poder através da exploração e condenação das mulheres que se opunham a esse sistema (bruxas: rebeldes, que viviam sozinhas isoladas no mato, conhecedoras da medicina da floresta e do seu próprio corpo como arte e representação do pr@zer). Esse foi um movimento intrínseco e consistente que se perpetuou através das crenças coletivas e reverberou nos séculos seguintes.

Mulheres sozinhas ou agrupamento de mulheres que eram vistas como organizadoras de manifestações contra esse sistema ou mulheres que ousassem ter o controle do seu corpo, que fizesse movimentos, gestos e falas na hora do ato s&xual (porque o s&xo era apenas para reprodução e não para o prazer) foram alvos de caça e foram queimadas nas fogueiras. A homossexualidade e os métodos contraceptivos também foram demonizados nesse período por esse mesmo motivo e caracterizado pela igreja como pecado.

Mas o que parecia uma ditadura de caças às bruxas, por debaixo dos panos, movimentou a economia através dos julgamentos (deu-se a institucionalização da profissão do Direito - homens brancos e poderosos). Estes julgamentos, acabaram por ser financiadores de algumas obras de quem estava no poder. Tal ato foi na verdade uma grande máscara de disfarce da cobiça e fome de dinheiro e poder do homem.

E como isso tudo teve essa proporção gigantesca? A maior parte dos comportamentos que naturalizamos na nossa sociedade está implementada no nosso DNA. Nos tempos remotos, as mães educavam suas filhas (através do comportamento de castração) como forma de proteção e isso foi se perpetuando geração após geração, até que ninguém sabia mais o porque estava agindo daquela maneira (parábola do macaco muito usada para representar clima organizacional de empresas engessadas: “sempre foi assim").

A retomada da cultura matrística também vai ser um movimento lento e consistente onde cada uma de nós devemos fazer o nosso papel e não nos calarmos diante da nossa sabedoria ancestral.

Ahow
In Lak'ech

*Veja mais sobre a cultura matrística (https://www.cartacapital.com.br/blogs/sororidade-em-pauta/o-retorno-da-cultura-matristica/)

**Lembrando que você sempre deve se questionar, buscar referências sobre assuntos que te interessem e não tomar nada como uma verdade absoluta.




Dublin - Ireland
7 °C°F
Chuva: 1%
Umidade: 62%
Vento: 21 km/h
Música do dia: Stay / Rihanna

quarta-feira, janeiro 25, 2023

Pra sempre eu vou te amar!

A morte é um Tabu ocidental do qual nunca estaremos preparados para lidar. Mesmo se nos prepararmos por anos, ainda sim, o mistério da vida continuaria sem entendimento racionalizado.

Esse encontro com a morte é um dos maiores enigmas que a humanidade pode ter, mas no contraponto, a maior certeza. Nos apequena diante da imensidão do que é o universo e de nós, seres humanos vivendo essa experiência carnal terrena.

Quando esses eventos acontecem de perto é inevitável não passar um filme na nossa cabeça sobre o que estamos fazendo aqui e as coisas que verdadeiramente importam. Nascemos sozinhos e por consequência, morreremos sozinhos.

Ninguém além de você sabe sua dor, sua experiência e seus sentimentos. E nesse meio tempo, nos relacionamos com outros por várias razões e objetivos diferentes. A jornada nunca é solitária e cada um vai levando e deixando um pedacinho de nós, uma marca que pode ser profunda ou somente um arranhão.

Nosso primeiro etéreo, e porque não, eterno relacionamento é com a nossa mãe que começa no seu ventre, carregando toda a nossa ancestralidade, com toda sua dores, lutas e deleites. Não sei explicar com palavras, mas pude sentir em uma das sessões de Ayahuasca o quanto é forte e o quanto carregamos de força das nossas ancestrais. É algo que, se eu pudesse equiparar fisicamente, seria como a conexão da terra com a nação do fogo, do filme "Avatar".

Trazemos seu DNA, características físicas e até algumas manias que não gostamos, mas está lá, quer você queira quer não.Tudo está herdado e ela é nossa fonte nutridora. Só uma mãe sabe o que realmente um filho está sentido, essa conexão cósmica sem explicação para nós reles humanos, esse cordão, jamais será cortado.

E então, ficamos cara a cara com o grande mistério da vida e indagando o motivo que acontece sem entender o porquê. Agora só me resta confiar que as leis divinas sempre agem da forma certa, independente se você está preparado ou entendendo o que está acontecendo. Talvez lá na frente tudo isso faça sentido.

Agora não. Não consigo ainda acreditar que quando voltar não vou poder te ver, te abraçar e debochar do seu jeitinho quando fala algumas palavras. E com isso tudo, passa um filme em looping na nossa cabeça, das coisas que me arrependo, de não ter ligado mais, não ter entrado em contato mais vezes, de não ter demonstrado mais amor, mesmo sabendo que ela sabia de tudo isso. Isso pesa. Pesa muito! Nos faz sentirmos um lixo de ser humano. Não deixe nunca de demonstrar afeto a quem você ama! Nunca!

E coisas como essa acontecem para que possamos dar valor ao que realmente importa: cuidar das pessoas que amamos e que devemos cuidar muito bem do nosso templo/corpo. Uma hora ele vem pra cobrar a conta. E quando a conta vem, não é prazerosa e nem bela.

Escolhi estar aqui, sabia que poderia passar por isso. Esse é o grande desafio para quem mora fora, mas sabemos bem que para cada escolha, há uma renúncia. Temos que deixar algumas coisas para trás para poder seguir em frente. No dia que acontece, não sabemos o quanto é difícil não estar lá naquele momento. Para ser suportada pelas pessoas que nos amam e também para suportar as que eu amo, minhas irmãs.

Eu pedi pra Deus, quando cheguei aqui, pra ter oportunidade de voltar quando algo acontecesse, por que isso iria acontecer, era esperado, é a única certeza que temos nessa vida mundana. Mas eu esperava que isso fosse em uns 10 anos, não agora. Antes disso, meu sonho era te trazer aqui, já tinha falado pra fazer o passaporte esse ano que na minha próxima visita ao Brasil você voltaria comigo e iríamos conhecer Paris. Esse era meu sonho, já tinha começado a guardar reservas pra isso, e você com medo de avião e um pouco preocupada porque já estava dando sinais de que as coisas se complicariam daqui pra frente. Mãe, quando eu estiver em Paris, vai ser um momento lindo porque saberei que você estará lá comigo.

Então eu fui te ver e pelo menos tentar me despedir. Foram dias duros e te ver daquele jeito fragilizado me destruiu por dentro, mas tentei bancar a durona porque minhas irmãs passaram por muitas coisas antes. Muitas das quais eu não teria condições psicológicas de passar, por isso que acredito que tudo acontece exatamente como tem que acontecer.

Conseguimos estreitar nossa relação que andava um pouco fragilizada e agora daqui pra frente as coisas serão completamente diferentes. Desculpe-me minhas irmãs por não estar aí presente nesse momento, mas eu sei que vocês entendem. Nossa força agora vai ser maior, tenho certeza disso.

E por terras estrangeiras passar por isso não está sendo fácil. Muito embora tenha recebido vários abraços e carinhos virtuais de muitas pessoas que amo. Amo vocês e obrigada por isso. Ter voltado e ter visto essas pessoas me deu um gás extra para o que viria adiante. Vocês foram muito importantes, jamais esquecerei de quem esteve ao meu lado nesse momento.

E sim, poxa quanto fez falta um abraço daqueles que eu amo e me amam presencialmente. Minha sorte que quando recebi a notícia hoje pela manhã estava com um amigo que me deu um super abraço, daqueles que duram minutos. Bru obrigada, acho que teria desmoronado se não fosse você naquele momento. Fora o suporte da escola que foi sensacional, super humanizado. Minha professora preocupadíssima me levou até o bus stop para se certificar que estaria bem e ainda mandou o motorista cuidar de mim. Cada detalhe nessa hora conta, e muito. Obrigada Deus por sempre amparar seus filhos de alguma maneira.

Mãe, que mulher incrível você foi! Tenho honra e orgulho de ser sua filha. Minha grande mestra bruxa, que sabia tudo de chás e banhos. - “Mãe tô ruim, faz um daqueles teus banhos mágicos para tirar as energias negativas”. E ela ia lá e fazia e sempre dava certo. Cheia dos cristais, explicava: essa é a pedra da lua. Adorava aquelas pedrinhas dela e escrever bilhetinhos com orações para o nosso “anjo de guarda”. E com isso, depois de anos tomei consciência da onde veio essa minha veia curandeira: da minha raiz ancestral.

E como gostava de uma viagem, de se “emperiquitar”, toda trabalhada nos vestidos coloridos com bugigangas penduradas no pescoço e o principal, aquele sorriso no rosto que eu jamais irei esquecer! Vaidosa que só… não saberei mas chuto que o ascendente dela deveria ser em Leão, adorava um “furdúncio”. Sempre vibrando na vibe da alegria.

Forte e corajosa. Viveu para as filhas, teve coragem pegou as três e mais 8 malas sem nenhum dinheiro e foi começar a nova vida do zero, no nosso querido Rio Grande, São Jerônimo, que por tantas vezes espraguejei mas foi de lá que vieram meus grandes presentes de amizade. Sou grata por essa terra que me trouxe tanta coisa.

Falava sempre com meu terapeuta, eu com trinta e poucos anos cheia das dúvidas existenciais sobre o que fazer da vida e minha carreira, pensava: carai mano que mulher foi a minha mãe que com 40 e picos pegou as três filhas debaixo do braço e sua coragem e começou tudo absolutamente do zero, com muito, MUITO trabalho. Lembro de reclamar quando ela voltava dos eventos (ela trabalhava em restaurante) porque não tinha trazido uma sobremesa que eu gostava, do resto dos eventos, Isso ela chegando às 5 da manhã e sendo que tinha ido trabalhar às 7. Se força, garra e coragem passam heriditariamente, espero ter 10% do que essa mulher tinha. Resiliente seria a melhor palavra para defini-la, mas na época não era um jargão da moda.

Vó dos Pugs, como amava aqueles bichos e mimava (sim minhas irmãs morriam de ciúmes pq eles eram os preferidos dela). Sempre quando chegava lá tinha chuchu pronto porque a Julie estava de regime e o pátio estava sempre com a grama cortada esperando os netos. Tentei trazer eles mais uma vez para vê-la, mas as circunstâncias do divórcio me impediram. Eu fiquei muito muito muito triste com isso. Mas mais uma vez, por mais que não entenda agora, tento me acalentar que tudo o que acontece é por algum motivo e tenho que aceitar, apesar de não conseguir entender.

Outra dor que carrego, a dor de estar longe e não poder ver meus cachorros será uma cicatriz que levarei pra sempre. Agora tenho mais uma para fazer companhia. As dores vão se acumulando, elas nunca passam, mas acho que o tempo é o senhor da razão e vai amenizando tudo isso. Elas estarão lá pra sempre te lembrar da tua trajetória.

Mas eu só tenho a agradecer por essa mulher forte, corajosa, humilde, batalhadora, curandeira, bruxinha sorridente e dona de um coração gigante que você foi. Um coração tão bom e tão puro. Nunca vi ela sendo rude com ninguém e sempre ajudou no que podia. Dona de uma risada ímpar (acho que essa parte aqui eu também herdei) e um humor contagiante,com um carinho e cuidado gigante pelas filhas.

Vai fazer muita falta… vou sentir saudade de tanta coisa….
"Bi o café tá pronto"
Tuas roupas estão lavadas (detalhe é que quando vim pra cá as roupas cheiravam a amaciante ainda por quase 6 meses) de como só ela sabia deixar os panos de pratos brancos (isso realmente é coisa de mãe).
Costurei tuas coisas (inclusive remendava os olhos dos bichinhos dos Pugs.
Fora o doce de figo cristalizado que tinha todo natal (e já nesse senti falta),o suco de acerola fresca colhida do pé, dentre todos outros cuidados que você tinha com nós.

Era tanto amor em forma de gesto que eu jamais soube retribuir. Respiremos e vamos de terapia. Mas você vai estar eternamente no meu ❤ ️ como você mesmo dizia.

Te amo, Moeba! Com muito amor da Bi

31/12/51 - 25/01/23

Dublin - Ireland
11°C°F
Chuva: 20%
Umidade: 78%
Vento: 14 km/h
Música do dia: Trem bala / Ana Vilela

quarta-feira, agosto 22, 2018

Olar!

Essa foi eu (texto abaixo) no texto que acabei de achar* justamente pensando sobre e época que eu publicava coisas e pensamentos aleatorios por aqui, depois de fazer um textão para o insta sobre minha viagem a Londres que está acontecendo right now. Esse blog era praticamente o diario dos meus devaneios e até hoje nunca foi deletado e ainda recebe visitas semanais (através da busca orgânica). Estamos falando de 16 anos. Parabéns a tecnologia @blogger (alias nem precisei colocar a senha pra entrar aqui) #seremosresistencia.
Achei engraçado e ao mesmo tempo intrigante, então tentarei colocar de pé a promessa do rascunho abaixo. Quem sabe consigo manter vivas minhas memorias que certamente se apagarão ao passar do tempo, né?



O rascunho inicial dizia:



"Resolvi reativar o blog e irei dar uma repaginada nele, incluindo a exclusão de vários posts (nada a ver) e a publicação de alguns que estavam no rascunho.

Com o tempo, vou definir qual será o tema abordado, além de desabafos e fotos ridículas que já estão aqui e irão ficar, porque é sempre bom lembrar quem você é.

Afinal, sua essência, nunca será completamente modificada.

See you!"




*Acabei de achar pois estava escrevendo no meu diario da Lua, depois tive a ideia de rascunhar algo para o insta (faco normalmente um resumo das minhas viagens/experiencias sobre tudo pra meu registro) e depois me perdi com tanta aba aberta no pc... minha dislexia tdah ou apenas uma pessoa vivendo na era da mídia, nao me permite focar em uma coisa só e conseguir terminar.

PS: Desculpem-me pelos erros ortograficos, falta de alinhamento etc... a página que está aparecendo pra mim é de programador (tem http < > e um monte de coisa que não faco ideia e que na epoca eu usava pra formatar os textos hahahaha Talvez se tivesse continuado nessa linha a historia quem sabe seria completamente diferente!

Bjs meus consagrados!

**Data correta: 10 de novembro de 2022, Londres UK às 20:36



O blog publicou na data do rascunho, foi como se eu tivesse voltado no tempo há há há.

sábado, outubro 12, 2013

Hibria SHOW de lançamento de SILENT REVENGE -Teatro Ciee 11.10.13 / Porto Alegre

https://static.googleusercontent.com/external_content/picasaweb.googleusercontent.com/slideshow.swf
" width="600" height="400" flashvars="host=picasaweb.google.com&hl=pt_BR&feat=flashalbum&RGB=0x000000&feed=https%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2F103556400514019616917%2Falbumid%2F5933942143066857985%3Falt%3Drss%26kind%3Dphoto%26authkey%3DGv1sRgCOHAgcS2zJHjGg%26hl%3Dpt_BR" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer">>

Essa semana foi realmente foda para os Headbangers de Porto Alegre...
Quarta Sabbath, Hibria abrindo e sexta, Hibria encerrando...

Show fodástico, os caras além de tocarem muito tem um carinho enorme pelos seus fãs.
m/
Sem mais...